A Arte da Decoração de Interiores
Das civilizações antigas à moderna, o homem sempre procurou tornar agradável os ambientes em que vive.
Para isso, adorna paredes e preenche espaços com objetos confortáveis e bonitos.
Decoração de interiores é a atividade que combina idéias de funcionalidade com beleza. Objetiva a reunião harmônica e organizada de equipamentos de espaços interiores — móveis, cortinas, tapetes, luminárias — com elementos arquitetônicos — pisos, tetos, paredes, colunas. Além disso, lança mão de recursos como luz, cor e materiais diversos, para obter uma disposição harmoniosa dos objetos no espaço, e assim formar um ambiente confortável, acolhedor e agradável aos sentidos.
O número de combinações e variações decorativas é praticamente ilimitado. Depende da capacidade inventiva do arquiteto ou decorador e das restrições impostas pelo gosto, necessidades e recursos do cliente, bem como do uso a que se destinam.
Diversas artes contribuem para a ornamentação de interiores, tanto do ponto de vista dos materiais, quanto da estética. Entre elas destacam-se a cerâmica, a tapeçaria, a marcenaria e a carpintaria.
A decoração de interiores, conseqüência direta e reflexo da arquitetura, sofre as mesmas influências desta. Foi símbolo de prestígio durante muito tempo, já que somente as classes altas podiam permitir-se o luxo de tratar com apuro e refinamento os espaços internos de suas mansões e palácios. Com a fabricação de objetos em série, a decoração ficou ao alcance da classe média, embora os arquitetos e decoradores de prestígio, os materiais nobres e as peças raras continuem restritos aos privilegiados.
Pouco se conhece da decoração de interiores nas civilizações antigas de berço mediterrâneo: Egito, Grécia, Roma, Oriente Médio. Como a vida transcorria quase toda ao ar livre, as construções tinham estrutura mais simples. A decoração se limitava à combinação do mobiliário com fundos e paredes de abundante colorido.
No mundo clássico, destacam-se a cerâmica grega, as pinturas murais e os mosaicos da cultura romana. Na Idade Média a arquitetura de interiores limitava-se aos castelos. Os objetos de metal e madeira eram sóbrios, assim como os pisos, tetos e paredes.
O século XVIII foi a época dos espaços íntimos e reduzidos, do gosto francês e da influência exótica do Oriente. O culto à elegância levou a decoração a alcançar seu mais alto requinte, com os cristais da Boêmia (Tchecoslováquia) e La Granja (Espanha); as porcelanas de Meissen (Alemanha) e Sèvres (França); os móveis franceses e os papéis pintados.
A divisão da casa de moradia em aposentos data da Renascença, que transformou radicalmente os preceitos de decoração interna. Paredes pintadas, tetos ricamente adornados, móveis faustosos e finamente elaborados, têxteis e objetos de adorno em metais nobres compunham o arsenal decorativo da Itália, França, Inglaterra, Espanha e Alemanha, nesta associados a elementos góticos.
A aparência feudal dos interiores foi substituída por outra, mais rica, imposta por uma classe abastada e estável. No século XVII, a casa se humaniza, os aposentos assumem dimensões apropriadas à escala humana e o luxo se introduz nas residências burguesas. Países Baixos, Inglaterra e França impõem seus padrões aos demais países, depois de profundamente influenciados pela Itália. Na França, no final do reinado de Luís XIV e durante a Regência, uma certa feminização, um certo adocicamento no gosto é responsável pelas decorações de tipo rococó, adotadas depois na Itália e, sobretudo, na Alemanha.
Após a morte de Luís XV, o rococó declina rapidamente, substituído por um estilo mais austero e viril. É o neoclassicismo, dentro da linha tradicional que se mantivera em países como a Inglaterra. Os motivos decorativos exóticos, as chinoiseries, os tecidos e brocados raros cedem lugar a outros, inspirados na antigüidade egípcia e romana. Os ideais aristocráticos são deslocados pela ideologia democrática, com a ascensão da classe média e o triunfo do gosto burguês, responsável por uma série de estilos, pouco duradouros. Em fins do século XIX, verifica-se na Europa um grande movimento, que apareceu como fenômeno estético internacional: o modernismo ou art nouveau, decorativista, que propunha a fusão de todas as artes e uma estética curvilínea. O movimento irradiou-se para a América, dando ênfase incomum às formas naturais.
No século XX a decoração evoluiu na direção da funcionalidade. Ao fim da primeira guerra mundial surgiram novos conceitos de decoração de interiores, primeiro imbuídos de elementos tomados de empréstimo ao art nouveau, mais tarde firmados em idéias originais e completas em si mesmas.
Segundo o arquiteto brasileiro Lúcio Costa, nos primeiros tempos do Brasil-colônia, as moradias limitavam-se ao essencial: pequeno oratório, camas, cadeiras, tamboretes, mesas e arcas. A arrumação era despretensiosa e utilitária. A imensa maioria da população brasileira vivia em condições de extrema simplicidade material. As preocupações com decoração limitavam-se à arquitetura religiosa.
O luxo no mobiliário e na decoração começa no século XVIII, no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco, e principalmente Minas. Na sala de visitas, segundo costume antigo, havia um espelho em moldura dourada, no centro da parede fronteira à janela, e nessa direção o tapete com sofá, cadeiras de jacarandá e sola de couro, com pregaria dourada, e quadros a óleo.
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